O médico suspeito de ter estuprado sete pacientes em Recife foi preso na manhã desta sexta-feira. O ortopedista e traumatologista está sendo ouvido pela delegada Gleide Angelo no Departamento da Mulher. A Polícia Civil de Pernambuco foi cautelosa com relação à divulgação de informações sobre o caso e a identidade do suspeito, mas confirmou, após a prisão, que trata-se de Kid Nelio Souza de Melo, de 35 anos. Sete mulheres relataram terem sido estupradas pelo médico na UPA de Imbiribeira, de onde ele foi afastado no início das investigações, e em clínicas particulares. De acordo com o Jornal Nacional, o médico afirmou que teve relações com duas das mulheres, mas que teria sido com o consentimento delas.

As primeiras alegações foram feitas por uma jovem de 18 anos na última semana. O caso repercutiu em Recife e instigou outras vítimas a também procurarem a Delegacia da Mulher de Santo Amaro.

A delegada Ana Elisa Gadelha realizou diligências sobre o caso ao longo da semana, em conjunto com a delegada Gleide Angelo.

De acordo com o chefe de Polícia Civil, Joselito Kehrle, foi recolhido material genético masculino no exame de corpo de delito de uma das vítimas. Agora os investigadores pretendem compará-lo com o de Kid de Melo, para confirmar se o sêmen encontrado no corpo da vítima pertencia a ele.

— É importante salientar que foi encontrado perfil genético masculino, ou seja, material orgânico foi encontrado na primeira vítima e precisamos agora partir para o confronto e termos uma prova material da participação dele. Muito embora os depoimentos da vítima e das testemunhas já sejam importantes para a investigação — disse o delegado em entrevista coletiva na segunda-feira.

Kehrle recomenda que todas as mulheres que tenham sido vítimas de atos libidinosos na UPA de Imbiribeira procurem o departamento da mulher porque poderão, dessa forma, contribuir com as investigações. Neste caso, ele salientou que o suspeito não segue o perfil dos estupradores que, em geral, são próximos das vítimas. Para Kehrle, o suspeito pode estar se aproveitando de sua profissão e do acesso que tem a mulheres para praticar os crimes.

— Qualquer violência física, qualquer ameaça com o intuito de praticar ato libidinoso é classificado como estupro. Por ser médico, por ter contato físico, há muitas vezes, por parte das vítimas, a dificuldade de entender. Elas devem procurar o departamento da mulher, onde serão atendidas por delegadas que tenham a capacitação técnica para ouvi-las numa escuta diferenciada, num acolhimento que será proporcionado e a partir daí definir como crime a tipificação — afirmou.

O chefe de Polícia Civil frisou que o perfil do médico se enquadra como um “serial”:

Há possibilidade de estarmos diante de um serial, de uma pessoa que recorrentemente vem cometendo crimes de natureza contra a liberdade sexual. Estamos com a investigação em andamento e muita coisa deve ser preservada para que não haja prejuízo.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, a vítima que reportou o crime na última quarta-feira foi encaminhada do Instituto Médico Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito, para o Serviço de Apoio à Mulher Wilma Lessa, no bairro Casa Amarela.

“No local, ela foi acolhida, recebeu atendimento de uma equipe multiprofissional e tomou as medicações profiláticas contra infecções sexualmente transmissíveis (IST) e gravidez indesejada. Após receber apoio psicológico, ela recebeu alta e será acompanhada pelo serviço de referência”, disse o comunicado.

A coordenação da UPA da Imbiribeira afirmou que “repudia veementemente qualquer tipo de violência contra a mulher”. A direção informou que “está à disposição dos órgãos competentes para apoiar as investigações do caso” e que vai tomar “todas as medidas cabíveis”. O médico envolvido no caso foi afastado de suas atividades profissionais.

Kid Nelio Souza de Melo responde a dois processos por erro médico.

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